terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Cortiço






O Cortiço é um filme brasileiro de 1978, do gênero drama, dirigido por Francisco Ramalho Jr. diretor e produtor mais conhecido por seu trabalho com Hector Babenco, para quem produziu vários filmes, entre eles, "O beijo da Mulher Aranha".

Com roteiro baseado no livro homônimo de Aluísio Azevedo (romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de bom desenhista e discreto pintor. Sua obra é classificada como irregular por diversos críticos, uma vez que a produção oscile entre o romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial para o grande público, e o naturalismo já em obras mais elaboradas, deixando a marca de precursor do movimento).


Sinopse: O português João Romão é proprietário de um cortiço e tem como moradora Rita Baiana, que é uma mulher comunicativa e liberada. Ao se apaixonar por Jerônimo,  jovem lusitano  que acaba de chegar ao Brasil, viverá um romance conturbado que acaba em tragédia. O filme foi baseado no romance de Aluísio de Azevedo, filmado anteriormente em 1945.

Tendo como elenco os atores: Alvaro Freire, Armando Bógus, Betty Faria, Dinorah Brillanti, Jorge Coutinho, Leonidas Bayer, Luiz Carlos Lacerda, Marco Antônio, Maria Alves, Mário Gomes, Maurício do Valle, Phydias Barbosa,  Sebastião Lemos eTeresa Briggs.


                         

 Ficha Técnica:
                                  
Filme: O Cortiço
Gênero: Drama Literário 
Ano de lançamento: 1978
Gênero: Drama Literário
Idioma: Português
Duração: 110 min
Arquivo: RMVB
Tamanho: 435 Mb
Duração: 110 min

Referências Bibliográficas:

Livros:

O Cortiço / Aluísio Azevedo; adaptação de Fábio Pinho. Ed. LPM, 2009. (Coleção É Só o Começo).

Homepage:

www.baixarfilmescompletos.biz (Ficha Técnica)
www.filmeb.com.br (Francisco Ramalho Jr)
pt.wikipedia.org (Aluísio Azevedo,naturalismo)
www.slideshare.net (Século XIX)

O livro é composto de 23 capítulos, que relata a vida de pessoas pobres do Rio de Janeiro, que residem coletivamente. 

Vivendo de sacrifícios, explorando empregados e trabalhando incansavelmente, João Romão consegue juntar dinheiro suficiente para construir um cortiço. O vizinho do cortiço é um rico senhor com o qual João tenta disputar riquezas. Para alcançar a alta posição social sonhada, João pretende se livrar da amante, Bertoleza, uma negra trabalhadeira, e se casar com a filha de Miranda.

O romance "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, é narrado em terceira pessoa, por um narrador observador onisciente, que conhece bem cada um dos personagens, chegando a saber,  seus pensamentos e desejos e que os julga a partir da influência exercida pelo meio e o momento histórico em que se vive como é característico da corrente naturalista. O naturalismo é uma corrente literária conhecida por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o individuo  é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada).

A história acontece no bairro de Botafogo, subúrbio do Rio de Janeiro, no final do século XIX. Época da expansão da Revolução Industrial pelo mundo, da burguesia, da nova classe trabalhadora, das novas idéias, do ensino e das letras, dos novos gostos literários, da vida no campo e nas cidades. João Romão inicia sua trajetória em pretensão  a riqueza. Juntando dinheiro, passando privações e explorando Bertoleza, escrava fugida que vive na condição de sua amante, com quem consegue construir um cortiço. Ao seu lado mora Miranda. Um rico comerciante que disputa um pedaço de terra, para aumentar seu quintal, com João. O cortiço cresce cada vez mais e mesmo em condições de extrema pobreza, há sempre festa por lá. É nesse contexto que Jerônimo conhece Rita Baiana, se apaixona perdidamente e disputa o seu amor, com o seu então namorado Firmo. Uma série de acontecimentos sucede no cortiço enquanto João Romão tenta chegar à altura de Miranda. Para alcançar seus objetivos, o dono do cortiço é capaz de se livrar de Bertoleza para se casar com a filha de seu rico e invejado vizinho.

"O Cortiço" é uma obra naturalista brasileira de grande destaque que mostra a realidade de uma habitação de indivíduos de pouco poder aquisitivo, fazendo uma crítica  ás relações sociais e a degradação a que os personagens são submetidos em consequência da mistura de povos existente naquele lugar. O autor insinua que o meio influencia o caráter daquele que o habita. Sendo então, os cortiços, ambientes de altos índices de promiscuidade e falta de moral pois, foram considerados naquela época, as manchas sujas da sociedade carioca.

Paralelo ao caos do cortiço está o sobrado do comerciante Miranda. Pode-se ver claramente a desigualdade social presente no romance a partir disso. O personagem João Romão deixa esse contraste ainda mais claro quando deseja subir de posição social a qualquer preço. Até mesmo explorando seus trabalhadores, como é o caso do português Jerônimo, que sofre justamente o processo de mudança, de trabalhador honesto e vida exemplar a homem sem realização alguma, ao  contrário ao de João quando conhece Rita Baiana. Resultando também no fim trágico da personagem Piedade, sua antiga esposa que se torna alcoólatra. O que, mais uma vez, caracteriza a influência do meio sobre o indivíduo, segundo as teses do naturalismo de Èmile Zola.

João Romão ascende à medida que os personagens do cortiço vão caindo. Isto pode ser percebido graças as condições animalescas de sobrevivência no cortiço, no sentido de que os personagens se deixam guiar pelos instintos, e nas características atribuídas a esses personagens ao longo do romance. Como é o caso de Pombinha, que acaba por tornar-se prostituta, em consequência de sua convivência com os moradores do cortiço e a descoberta da sua sexualidade com Léonie, indicando até mesmo a homossexualidade como desvio moral de pessoas de renda baixa e representando o indivíduo como "prisioneiro" dos seus desejos carnais, característica do naturalismo.

Há crítica também na irônica morte da negra Bertoleza, que durante toda a vida foi explorada e por fim não usufruiu de nada por aquilo que se sacrificou tanto. Sendo traída, até seu último instante de vida por aquele que possuía uma ambição maior do que qualquer outro personagem. João Romão tinha a ambição maior que qualquer outro sentimento dentro de si. No mesmo dia em que direta ou indiretamente provocou a morte de Bertoleza, ele veio a receber o diploma de sócio de uma sociedade abolicionista.

Mesmo tento sido inscrito no ano de 1890, o romance nos traz temáticas discutidas ainda atualmente. É o caso das favelas, que assim como o cortiço é caracterizada como a moradia da população pobre, "excluída" da sociedade, onde todos ou sua maioria são apontados como detentores de vícios e problemas de conduta moral e ética, decorrentes do meio em que vivem.

A discussão da sociedade brasileira que constituía-se de pessoas ambiciosas, por dinheiro e poder ao passo em que a miséria era um cenário bastante presente, pode ser vista ainda hoje, no âmbito da desigualdade social do desenvolvimento capitalista que vivemos.





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